5 de jun. de 2008

SERES AGORA COM CHIP.

Não fizemos a mínima idéia de quantas informações nosso cérebro processa por segundo, dentre elas, a enorme quantidade de dados que não podemos esquecer e pensar, os quais são as chaves para nossa existência, mas isso é óbvio a todos os seres que refletem sobre como existimos. O que relatarei abaixo é algo que me intriga há algum tempo e que ontem minha mente expulsou de mim, transformando nas idéias que agora descrevo.
Dia 4 de junho, mês 6 no calendário, exatamente às 13 horas e 15 minutos, entro em uma agência do “Banco do Felipe” para retirar uma segunda via de meu cartão, agora com chip, pego uma ficha com o número 8031, que me dava direito de ser atendido nas mesas de número 06 a 10, porém ao subir no piso número 2 percebo que a retirada de cartões se dava no caixa de número 1, ali o fiz, mas antes respondi algumas perguntas, tais como o número de minha conta e agência, os quais sabia de cérebro. Passada a etapa de perguntas o rapaz me informa que devo desbloquear o novo cartão em um dos caixas do piso de número 0, ou térreo. Insiro o cartão, escolho as opções e chego a uma etapa em que dependo apenas de meu cérebro - a senha - sem problemas identifico o teclado e a digito até mesmo sem visualizar os números, rápido, menos de 2 segundos entre raciocínio e ação, essa última que se daria em mais tempo caso o teclado fosse em outra posição; logo após, as letras, essas sim, perdidas na tela entreverando minha mente jovem, fazendo os ocupantes da fila pensarem que sou lento, retardado ou algo assim, mas enfim, cartão desbloqueado e agora com chip.
Chegando em casa, acesso a internet, como de praxe entro em meu e-mail, antes disso é claro a senha, essa sim composta de letras ou números. Sigo minha viagem cibernética entrando em vários lugares que me dão acesso também através de senhas, chegando novamente ao “Banco do Felipe”, e agora é que são elas, número da conta, número da agência, e para piorar, uma nova senha de 8 dígitos, que mais uma vez sei de cérebro.
Quantos cadastros já fizemos e tivemos que relatar ou ver em nossa identidade nosso número de RG e CPF, sem contar com outros vários números que nos identificam como cartão de crédito, título de eleitor, telefone, e por ai vai. Todos esses constam em algum documento que acaba por engordar sua carteira, mas senhas, números e letras apenas nosso cérebro deve saber, pois muitas vezes se torna inseguro escrevê-las.
Não tenho conhecimento sobre o que a tecnologia esta propondo ou irá propor para que possamos parar de depender da boa vontade de nossa memória. Já assistimos a muitos filmes em que pessoas se identificam através de chips implantados em seus dedos, cérebro, orelha, etc. Isso pode parecer uma utopia, mas acredito que num futuro próximo, poderemos sim, sermos “fulanos de tal agora com chip”.
Quanto ao filme acima, assisti há alguns meses e não lembro bem a história, apenas recordo que fala sobre a obsessão pelos números, essa que se torna dependência a partir do momento em que necessitamos pensar incessantemente na multiplicação, divisão, soma e redução dos mesmos. Assim somos, máquinas humanas controladas por números, senhas e talvez chips.

Felipe Campal