5 de nov. de 2009

A CRUZADA DE DEMÊNCIO


Na sala ao lado, Demêncio de Alguma Coisa, sozinho chegou por volta das dez da noite, devagarzinho sem ninguém percebê-lo ficou ali em silêncio, solitário Demêncio. Fui vê-lo, pois o frenesi era tanto em descobri-lo, que não me contive. Ali estava; baixote, troncudo, pele escura, cavanhaque bem aparado, aparência singela de quem esta em paz, liso e alinhado; como se viesse direto do Madame Tussauds.
Seu primeiro companheiro apareceu mateando por volta das duas da madrugada, agora eram dois solitários, um ele Demêncio, o outro, o do mate, cada um em seu mundo conversando através das lembranças e esperando, esperando, esperando...
Eu ali na sala ao lado, travando uma cruzada contra o sono, escutando histórias do passado, e concluindo que quando a espera é longa o fim é natural. O fim que todos queremos é a única coisa que gostamos de esperar, esperar, esperar...

Felipe Campal

2 comentários:

portfolioandre disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
portfolioandre disse...

O que posso dizer?
1º, que gostei da trama, da narrativa, do texto em geral.
2º que me surpreende o fato de Nelson Mandela ( eeheh..eu Sei que é o Morgan Freeman, mas não poderia perder a chance) tomar mate e ter o codinome de Demêncio.
3º Que se tu não tivesse citado Madame Tussauds, eu nunca iria perceber que se trata dum clone de cera, e não do negão original.
4º, última e conclusiva coisa que posso dizer é que fiquei intrigado mas - mas, eu disse - acho que o fato de que gostamos de esperar, esperar, esperar, é o que nos explica a presença do Morgam de Cera.
É isso castilla?