17 de nov. de 2009

NO FIM DA AREIA.



Acordou, estava com 80 anos, perguntou à senhora que estava a seu lado:
- O que houve?
- Ué, como o que houve? Você acaba de acordar, oras!
- Como assim? Mal consigo levantar meus braços. Olha só estou todo enrugado, sem pêlos.
- Que isso meu amor! Você esta igual que nos últimos 10 anos.
- Meu amor! Você disse meu amor?
- Sim qual o problema? Repito isso a 57 anos, e você nunca reclamou.
- Saia daqui sua velha nojenta, vai curar esse mau hálito dos diabos, e não me venha com “meu amor”.
- Mas o que houve com você, meu velho? Porque tanto espanto e indignação?
- Acabo de acordar este é o problema, e o pior, acordei aos 80 anos do lado de uma velha de sabe-se la quantos anos, sem lembrar da metade das coisas que fiz nesses últimos tempos. Lembro-me de acordar, comer, trabalhar, escrever, fumar, beber, ir aos mesmos lugares, comer as mesmas coisas do menu , falar dos mesmos assuntos com as mesmas pessoas chatas e cínicas, transar, broxar, e dormir, dormir para não acordar.
- Ahhh vá se fuder seu velho de merda, e não se esqueça de colocar água para o mate, pegar o jornal e regar as plantas.

Felipe Campal

2 comentários:

Kamila C A Barros disse...

E não é que às vezes o tempo passa tão depressa que nem sabemos onde estamos!?!?

Unknown disse...

A existência do passar do tempo é o que nos leva a tentar prever as passagens futuras desse mesmo tempo que.... ops... já é passado. Abraços. Tiago Chaves Lopes