
Como não fui eu que comprei a passagem desta vez, fui na poltrona 7 , na segunda fileira, até que é bem confortável pois os bancos da frente ficam mais embaixo e consigo espichar os 1,83 cm, mas pela minha superstição de comprar lugares mais atrás, não estava 100% seguro. Da onde estava via tudo que o motorista fazia; os caminhões se aproximando, a chuva cada vez mais forte, via uma moça na fileira a esquerda também sentada na janela olhando de canto de olho a cada vez que eu espiava a revista do passageiro da frente, não via muito mais coisas até porque estava na poltrona 7 e não estava afim de ver nada. Passado um tempo peguei um livro, li um ou dois contos, e ai:
- Eu coloquei na lavadora, é só esperar terminar a centrifugação e pendurar... ahhhh minha filha eu já estou no ônibus....
Parei meu conto é claro, voltei umas linhas para retomar o raciocínio e continuei enquanto minha dupla de viagem já respirava fundo ensaiando uma sinfonia que faria meus nervos ficarem um pouco mais apreensivos, por sorte foi apenas ensaio, até por que:
- Bahhhh meu! , já estou em Porto Alegre (mal tínhamos saído da rodoviária de Pelotas), to indo pra Brasília hoje, só volto segunda... certo ... certo... segunda passo ai.
Mas que merda temos eu e os outros quarenta passageiros a ver com a vida da senhora que tem uma filha mimada e do cara de cabelo lambido que esta indo para Brasília pela primeira vez?
Nada, é claro, mas o tempo em que precisávamos mostrar que compramos um celular já era, o “Startac Bolachão” virou acessório de fantasia, ganhamos celulares, eles dão cria se proliferam, tiram fotos, fazem vídeos, acessam a internet, mas no fundo são todos a mesma porcaria. Ahhhh e falando nisso o meu toca música:
“...e a loucura finge que isso tudo é normal, eu finjo ter paciência... “
Felipe Campal